2021 está terminando e como costuma acontecer, comecei a pensar sobre tudo o que vivi e também o que deixei de viver durante o ano. Se tivesse que definir meu ano em uma palavra diria que foi “INTENSO” (essa palavra foi plagiada de um amigo…rsrsrs), para o bem e para o mal.

Houve momentos que perguntei: “Quando será que esse ano irá terminar? Preciso que venha o próximo e que seja diferente”. Mas, houve momentos que pedi para que se prolongasse. Isso é vida, isso é sinal que estou viva. A vida é feita de altos e baixos, de verões e invernos. A vida é como o bater do coração, as vezes em cima as vezes em baixo. Se a linha dos batimentos cardíacos ficar reta é sinal que morremos.

Entretanto, algumas palavras chegaram a mim e elas fizeram aprofundar minha reflexão.

Uma das palavras que chegou foi “DESAPEGO”. Preciso aprender a desapegar, pois não dá para fazer o ano vindouro diferente se continuo apegado ao velho. Só me desapegando sou capaz de me abrir para o novo, para fazer diferente, para que o desconhecido ocupe espaço. O apego nos enraíza, nos torna rígido e pode nos causar dor. Me perguntei: que coisas estou apegada e não estão me permitindo viver? Descobri inúmeras e muitas delas tão pequenas e sem utilidade para vida que levo hoje ou para a idade que tenho. Então decidi fazer uma “DESAPEGO” (pode deixar que não vou colocar na OLX…rsrsrs), simplesmente decidi deixar a vida fluir.

Outra palavra que me veio foi “GRAÇA”. Por muito anos sempre venho pedindo para receber uma graça, que Deus me escutasse e atendesse. Porém, descobri a graça (dádiva) que tenho recebido todos os dias e não tenho agradecido. A cada dia que abro meus olhos recebo a graça de mais um dia de vida, de poder fazer e ser diferente, de conquistar o que não conquistei ontem, de amar, abraçar e dizer “eu te amo” para alguém que ainda não disse. A graça de ter um teto, de ter trabalho, de poder dar bom dia, de ter um sorriso ou um abraço para doar. Esse reconhecimento me trouxe uma sensação de profunda paz.

Em seguida me veio a palavra “PRESENTE”. Ao andar pelo shopping nesses dias que antecedem o Natal, vi inúmeras pessoas com várias sacolas na mão, correndo de um lado para o outro, se endividando, então me perguntei: realmente precisa disso no Natal? A resposta foi não. Comecei a lembrar de inúmeras pessoas que já passaram pela minha vida ou estão nela hoje e tive uma profunda vontade de abraça-las, um abraço verdadeiro de agradecimento por terem ou fazerem parte da minha vida, por me transformarem e contribuírem para ser quem sou. Nesse momento senti gratidão, inclusive, por pessoas que me fizeram sofrer ou, no meu entendimento naquela hora, senti que me criaram problemas, mas elas também me fizeram crescer, me levaram há um novo nível de conhecimento de mim mesma. Aí fui capaz de entender que o que vale é o aqui agora “o presente”, pois é tudo o que tenho e preciso aprender a usá-lo e viver da melhor forma possível, afinal não sei por quanto tempo vai durar esse presente.

Seguindo a reflexão me veio a palavra “FAMÍLIA”, me lembrei do quanto já reclamei da família que tenho, o quanto já achei a do outro melhor que a minha. Entretanto, me dei conta do quanto minha família é boa, o quanto ela me ama do jeito dela e não da maneira que romantizei que seria, o quanto ela me acolhe, me suporta e me aceita como sou. Não é perfeita, mas é a melhor família que tenho e adoro estar com ela.

Depois disso tudo, me veio a quinta e última palavra “GRATIDÃO”. Acho que até hoje não tinha entendido muito o significado dessa palavra, porém agora eu pude senti-la dentro de mim. A gratidão me trouxe a sensação de paz de espírito, de plenitude, de estar inteira, de leveza, sentimentos esses que sonhava em sentir.

Todas essas palavras me fizeram sentir o verdadeiro espírito do Natal que é querer estar com aqueles que ama, que é dar ao outro o seu tempo presente, de partilhar e compartilhar a vida, de enxergar a graça que está a volta e ao final sentir que a vida pode ser mais leve, fluída e simples.

Ao final de toda essa reflexão decidi orar por todos e por tudo o que já aconteceu em minha vida, afinal essas pessoas ou coisas compõe a minha história e me prepararam o futuro. Para todas essas pessoas o meu presente de Natal será essa oração cheia de amor, gratidão e paz. 

Quero desejar a todos, de coração, um Natal de muita graça, desapego, gratidão e que estejamos presentes para o que está a nossa volta e que tudo isso possa acontecer no seio da família e em família e para 2020 desejo muita luz e amor, para você, sua família e para mim também.

Boas festas.

Valéria Ribeiro.